terça-feira, 16 de novembro de 2010

Enganos banhados de Champagne

Aqui estou. Sentada na cama, o quarto revirado e os sentimentos todos jogados pela janela. Na mão, vestígios quebrados e amassados que agora não passam de meras más lembranças. Tudo que eu quero esquecer.
O chiado do rádio entrando em minha mente com uma música ao fundo. "...Você nem pode tá falando sério, vivi pra você, morri pra você. Pois então vai, a porta esteve aberta o tempo todo, sai...".
Cacos daquele porta-retrato me cortam os pés, mas o sangue que escorre pelo chão não parece ser tão importante nesse momento. A foto, do outro lado do quarto, dividida ao meio já não faz nenhum sentido. E aquele lindo ursinho de pelúcia, agora estrangulado, parece sofrer.
Em minha cabeça, memórias em disparada confirmam que toda a minha vida não passa de uma ilusão. "...Nesse conto de farsas o final pode não ser tão feliz assim, um caminho pra escolher, ela sabe que pode se arrepender...".
Em um quadro torto, recortes de jornais pendurados me lembram da prosperidade de meu trabalho. Grandes conquistas, grandes viagens e tudo muito distante.
Nos cantos do quarto, garrafas jogadas com restos de bebidas alcoólicas e potes de analgésicos. Uma bagunça.
Mas essa bagunça não vai ser arrumada. Pelo menos não por mim. Hora de sair para outra festa, mas, dessa vez, não na minha casa.

Proposta de redação: Nem tudo é o que parece.